quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

3 óculos aposentados

Acho que desaprendi a sentir
Só Vejo Vejo Vejo 
Mas um ver de ver 
passivo
E mal
Começo a não ser capaz de distinguir os pontos: linha de seta
Oito de Infinito
Homem de Mulher
Céu de Mar
Só como Vejo e durmo
Vejo Vejo Vejo 
Como com os olhos
Madrugada afora
Acumulo olheiras de excesso de olhos fechados
Até voltei a "achar", eu que por bom tempo só "pensava"
"Pensava" só, só
Pensava que pensava
Achava
"Achava" que "pensava"
Nem choro nem rio só faço
Dor eu nem sinto, só às vezes ou depois, mas falha. 
Não consigo deixar doer simplesmente não consigo. Eu até quisera. 
Só de queimadura ou arranhão ou pancada no joelho esquerdo
Porque dedos quebrados coleciono aos montes e não dói. Todos fora do lugar teimando em tentar voltar. O Pé esquerdo sempre fora do lugar. O joelho esquerdo. O joelho esquerdo dói. 
Do Corpo todo o joelho esquerdo dói. Ai, a bexiga, a garganta sempre engasgada, o peito, a cabeça, os cantos comidos das unhas. 
Olha?! Mais dor do que lembrava, mas dor que passa, não doída, dor que fica. 
O que ainda sinto é prazer, prazer de gozo, qualquer Gozo barato de alguns poucos minutos de uma mão ou uma boca qualquer, sem cara. Um jorro, esporro. Que porra boa. E só.
3 óculos aposentados.
Hoje a tarde perdi mais 185,00 dólares. Pela segunda vez. Falhei.
Falhei no teste.
Quantas chances a Vida te dá?!
Quanta grama sua Grana é capaz de comprar?
(Pra te enterrar)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Teat(r)o

Penso que estou ficando velho e antiquado para meu ofício. 
Sou do tempo em que teatro se fazia com ensaio, com erro, com repetição, com longas temporadas. Em que se a peça é 8:00 da noite 1:00 da tarde já se está no teatro aquecendo, afinando-se à luz, repassando os movimentos junto à trilha, passando um geralzão, panfletando ao redor, arranjando o que quer que seja para respirar aquele mofo da cortina e a poeira impregnada de tantas babas e suores e suspiros e gargalhadas e lágrimas naquele carpete do publico ou tablado do palco. Para ir entrando em si mesmo e daí então sair para/no outro.
Não, hoje vejo meus comparsas rindo e matraqueando nos bastidores comentando não mais as novelas mas os posts, novelas da vida alheia. Bebendo antes de entrar em cena, não se olhando mais nos olhos ou não se reunindo para desejar um ao outro um feliz trajeto a ser percorrido naquela noite. Ensaio o que é ensaio? cada um vem "quando dá". Cada um cuida do seu e dá pitaco no do outro. Facebook na cochia! A que ponto chegamos?! Cadê aquele silêncio atento e de escuta que antecede o saltar da cochia? 
Não há tristeza, mera constatação, há saudade. Da época em que para ser ator fazia-se teatro, vida, extravida, extraviada no palco.
E ainda assim como é bom brincar de ser outros-nós em cima de pedaços de madeira!...

domingo, 26 de janeiro de 2014

sábado, 11 de janeiro de 2014

Ameaça de morte

"Como alguém pode matar alguém por qualquer motivo que seja? Isso jamais será natural. Estado vegetativo não é vida, é máquina. Mas matar? matar mesmo... de repente me lembro de um evento na semana passada e as lágrimas me rolam às faces. Tenho ensaios sobre a morte, encenada, desenhada, no palco... Não sou um homem de muitos medos, assim penso, mas sou medroso, para ela eu sou. Lembro-me da fera que de mim saiu quando atiraram-me a primeira e a segunda e a terceira e só fui me dar conta depois da quarta ou quinta pedra... Estou vivo, estou vivo." De um livro qualquer que li, ou escrevi

lescrever

Mas como sabes sou um leitor de palavras costuradas e descosturadas lentamente por Penélope
de uma tartaruga subindo imensas escadarias de um templo japonês
assim meus livros e estórias se constroem num atroz tempo de séculos
assim vou escrevendo e ouvindo essas histórias. 
Que a lentidão ou as coma efêmeras ou as faça eternas.

Solidão Interativa (so far)


Você me acompanha na rede, mas não me acompanha na roda 

Série Solidão Interativa
Lucas Paz

25.11.19

Você se preocupa tão desesperadamente em estar sempre certo, em ter razão
mas este não é o seu erro: não é a razão que você está perdendo,
você está é perdendo tempo, de abraço, de sorriso, de vida, de memória 

Série Solidão Interativa
Lucas Paz
27.08.19

He started skipping channels

Skipping subjects
Skipping people

Série Solidão Interativa
Lucas Paz

06.06.14

Às vezes ele se pega com nojo do seu próprio smell. Generally seu nariz não funciona muito bem, mas é assim, de quando em vez ele sente o cheiro do próprio nariz, e como fede, ele pensa. Passa o polegar e o indicador num movimento combinado sobre as narinas para ao mesmo tempo sentir o cheiro mais profundamente e espantar o cheiro away, ativar os vasos sangüíneos e nervos sensitivos poucos que lhe restam na ponta do nariz. Cheiro também que desanima é o seu próprio cheiro das axilas depois da noite de transa ou da camisa suada de sol e trabalho. Ele se estranha nesses momentos. Um ruim-bom, como cheiro de cu quando criança, reconhecer-se ser humano, com identidade, isso o anima e o assusta. É como se às vezes fosse cão: para saber se alguém era de confiança teria que sair cheirando cus a mil, cus a rodo? Era melhor não, satisfazia-se de vez em quando com essa sua solidão quando concatenava ilogicamente essas idéias todas. Era melhor assim, estranhar seu próprio cheiro na solidão. Suas próprias blusas que ora o excitavam, ora o enojavam. Gostava de dove original aerossol, tinha como referência de seu perfume de flor-pele. Estranhava seu próprio cheiro, mas agradecia por não ser alérgico ao seu próprio suor. Amava seu corpo em desmedida, não fosse as gorduras vazando pela barriga, pelas estrias, pela careca ensebada, as caspas, pelo nariz ensebado, pelas espinhas e puzes amarelos que elas produziam, sua gordura cultivada a excesso de doces fedia. E quando seu corpo seu nariz captava ele preferia que fosse cu, mas que não fosse ele.

Série Solidão Interativa
Lucas Paz
05.25.14


Tinha tudo e Era uma tristeza purulenta que não sara.
Quer mas não chora.
Queria sarar comendo alguém.
Dançava mas a boca era presa ou com falso sorriso e o peito sem espaço.

Serie Solidão Interativa
Lucas Paz
05.23.14


Arriscou em pensamento o que para os outros era insolência, desmedida, pecado; para ele lugar comum, olhar baixo, respiração curta, presa no peito, já havia escrito sobre isso um sem número de vezes, ele perdera o nome. Quase.


"Tenho família e amigos, mas hoje acabo"

Série Solidão Interativa
Lucas Paz 

05.22.14

At this moment I need to see everybody, at this moment I need to see nobody
At this moment I need to see mybody

Série Solidão Interativa
Lucas Paz


17.05.14

Ele finalmente caiu em si: "é que às vezes só vejo você, as vezes você é meu único companheiro na solidão" e assustado, ele, o aparelho acertou o espelho e o espelho, ele.
Série Solidão Interativa
Lucas Paz
04.05.2014

Tudo tão rápido e tão devagar nestes Hojes:Esparramado na poltrona há mais de uma hora e meia para fazer um novo post ele só então pensou: "foda, como é que pode alguém ter que esperar tanto pra escrever meia dúzia de palavras com uma conexão bosta dessa em pleno 2013?Foda-se facebook!"Logo pediu desculpas e replicou: "foda-se iPhone lento, foda-se claritinoôivivo! Pré e pós! Buçanha!"
Série Solidão Interativa Lucas Paz 30.12.13


Viu-se trancafiado e encalacrado dentro de sua própria casa em uma redoma de fios e barras invisíveis. Era naquele momento (e em tantos outros ainda há de ser nos recorrentes meses) seu canal, seu único canal com o mundo externo (aqueles fios conectores invisíveis, fibras inópticas, ineptas, inaptas) e pela primeira vez que desesperador aquilo lhe comia
Série Solidão Interativa Lucas Paz 29.12.13


No meio da arriação: Pois bem, meu filho, veja aí o que ainda é cocô e o que é rede social, senão vai ficar o dia inteiro aí sentado em wonderland.
Série Solidão Interativa Lucas Paz18.12.2013


Foi vendo o facebook e indo, indo, indo e indo até...bater com a cabeça na parede! 
Série Solidão Interativa Lucas Paz5 dez 2013


Tecla, tecla, tecla sem ter mais o que ver até pegar no sono de vez.4$..$..Z..Z..Z.....
Série Solidão InterativaLucas Paz

30.12.13

Eles abraçados, entrelaçados um no iPhone, outro no iPad. Ai pede, pede, pede pra eu gozar.
Série Solidão Interativa
Lucas Paz

30.12.13

Muita gente encontrou aqui seu espaço de (ser)(poeta)


Série Solidão InterativaLucas Paz 
25.11.13

Ele era naquele momento um pacote de Doritos em vias do fim, facebook, 53% de bateria do smartphone, 30% distração, metro errado, 70% ansiedade. Um maníaco compulsivo temporário como todos os outros ali presentes de tempos em tempos o eram, empurrados pela maré da cidade. Solitários que fitavam o nada, o vazio, os lados, os horizontes, as curvas, as bundas, os corpos. Travavam de quando em quando eternos diálogos ao smartphone, falados, ou escritos, e breves diálogos com estranhos ali mesmo, in loco. Luzes brancas, luzes vermelhas, escuridão, apatia dentro e fora.


Série Solidão Interativa

Lucas Paz
14.11.13

Imbuído de suas próteses - tablets, smartphones,f acebooks, laptops, mp3, HDs externos - externas, eternas extensões de si a partir de agora, perdê-las era perder um braço, ou dois, senão a vida, ou significativa parte dela, vida out of him! Trabalhava com esses novos dados (valores, cash and moral) nos dez mandamentos para SER. Rei de si.


Série Solidão Interativa

06.11.13
Lucas Paz
Capítulo inspirado em "Capitão Walter Arnold" e "O rei do Camarote".

Colavam e descolavam ele e seu personagem ele e sua máscara


Série Solidão Interativa

Lucas Paz 
01.11.13

Vai para 2, 3 festas na noite. Transa na praia, deixa a paquera em casa, volta acabado de sono, dorme no sinal, o sinal abre e fecha 3 vezes.


Série Solidão Interativa
Lucas Paz
26.10.13


Ele deixou de viver o presente para escrever e encontrar-se aqui

Série Solidão Interativa
Lucas Paz
29.10.13

Distraído ele perdeu a vez na fila, qualquer fila

Série solidão interativa
Lucas Paz
29.10.13

Segundos de iluminação que ele esqueceria logo em seguida, mas percebeu que seus braços haviam virado apoiadores multi-articulados para smartphone. Sempre levantados para frente na altura do meio do esterno. Caminhava e segurava-o mesmo se em standby, dormência nas pontas dos dedos, apesar do constante exercício da musculatura fina, reflexo da fadiga. Bolsos eram no máximo para dinheiro. Mãos? "The Most Efficient Smartphone Hangers". Em seu caminho dentro do shopping cruzam 3 seres que parecem de outro mundo, parecem não caber naquele universo do shopping: 3 fardados da PM com seus quepes, coturnos e coletes anti-balas de mil bolsos e tiras de velcro, nenhum deles para smartphone. O comandante fala ao celular, os cavalos assistentes empunham não armas, mas seus smartphones, o da direita na mão direita, o da esquerda na mão esquerda. Ele teve medo do Obama do Google e mesmo do Facebook, mas "já passou".

Série solidão interativa
Lucas Paz
29.10.13

Ele sabia, queria crer, que tudo aquilo um dia acabaria: sua solidão não, o facebook. Que diferença faria? Ainda a compartilharia?

Serie solidão interativa
Lucas Paz
29.10.13


Ele é divertido, divertido falar dele. Ele é o típico homem moderno: cozinha, lava,só não passa, guarda-roupa só com blusas de malha que dispensam de longe um ferro de engomar. Engomar tem preguiça. Lavar louça tem preguiça, mas ainda não descobriu outro jeito ($ pra lava-louça). Digamos que ele poderia ter TOC por mania de limpeza, mas esse nem é o caso, só lava porque a louça infelizmente não se lava sozinha (ainda!), porque é o jeito, ponto (final), mas a roupa não, no caso da roupa conseguiu driblar o amassado (santa senhora da malha!), e a máquina de lavar é quesito obrigatório para preservar-se de calos e unhas quebradas... não ia ter jeito, pondo na balança a pobreza e encarar o tanque, as prestações falaram mais alto e haja prestações para preservar suas delicadas mãos. máquina de lavar? vale o esforço ($), muitos pontos! Homem pra sogra nenhuma botar defeito: cama, mesa e banho! Teoricamente nada machista, já nasceu na sociedade dos neo-feministas, homens que beijam homens só para apoiar as causas (apoiar as calças que é bom... Melhor nem comentar). Mesma sociedade em que matar homossexuais a lampadadas ou prender ativistas de qualquer que seja a causa é acobertado pela civilidade ($). Como dizíamos homem moderno que economiza tempo, contabiliza tempo ($), otimiza tempo. Ele está em dia com suas atividades físicas. Nem sempre com as contas, por exemplo: o aclamado e eterno IPI reduzido nem foi vantagem para ele, nem fedeu nem cheirou em sua vida, não fez diferença nenhuma. Um Chevette velho e pernas! Andar Muuuito, para alimentar o juízo e economizar na "gasosa" e ficar fitness, haja coração! Mais benefício em ser pedestre? Impossível! Diante de tantas vantagens assim, que nem o Dotz, o Km de Vantagens, a Casa Pio, o Candycrush ou o FarmVille proporcionam, preocupado com sua saúde e bem-estar onde está se exercita. No shopping calcula 1:30h de caminhada entre lojas. Se acabar antes caminha ali mesmo ao redor do shopping até bater sua meta. Deslocar-se para orla da praia e caminhar apreciando belos corpos suados de sol? Significa queda na sua bolsa, déficit na poupança. Na caminhada passa-se facilmente por um cego, totalmente cego ele e sua interface de facebook 24h conectados, checa daqui, escreve dali. As consequências mais básicas, já lida bem com elas: tropeça e arranca a cabeça do dedo, pisa no pé de alguém, taca a cabeça nos postes, geralmente é salvo pela solidariedade dos apitos e buzinas, ao que recobra os outros sentidos. A adrenalina de início ia lá em cima, hoje em dia trafega tranquilo nessa sua bolha de proteção "indestrutível". Só não encontra salvação mesmo para as bostas de cachorro. Ah! Essas o enervam! Ele até consegue interromper os posts no "face", muitas vezes até perde o fio da meada e decide por breves minutos fazer outra atividade, mas o que quer que seja parece não ter muita graça. Até coçar o olho por cima da lente do óculos ele já "coça". É... este nosso ceguinho... Nunca foi atropelado acredita? Fecha-se para o entorno e tem contado com a sorte. Até agora... Nessa onda de neo-feminismo, que ele nunca parou para ler a respeito, absorveu uma coisa só: "direitos iguais para todos os loucos, até os sado-maso, menos matar!" O resto? Os Iguais em sua tribos que se respeitem e se entendam. Há até os ditos solitários interativos, mas este é um capítulo a parte... Bem, dessas loucas chamadas mulheres ele resolveu absorver e treinar uma característica em seu benefício: a "multifocalidade multifuncional simultânea" muito amparado pelo YouTube, as Janelas e o próprio Facebook. Ah, ele então estava nas "Nuvens" e dessa forma por exemplo podia dialogar de igual para igual (ou quase, exceto um pau) com essa tribo da moda: emergente e dominante na sociedade (sempre, mas agora em foco), as mulheres. Assim, vejam, ele caminhava e digitava, dirigia e digitava, ia ao filme, ao teatro, à exposição, ao show e digitava, comia e digitava, conversava e digitava, cagava e digitava, "comia", filmava, transmitia, ganhava dinheiro e digitava, passava bat... e... Digitava! Digitava, tava digital, não mais conversava. Um dia, lá na frente, ele andaria na beira-mar, boné, gordo, cabelos brancos, gola polo vermelha, com uma bengala de cego balançando-a de um lado a outro (claramente se via, não era cego. E como chamava atenção! Silenciosamente. Algumas pessoas paravam para observar pitoresco homem. Mas já falamos, aqui loucura é um detalhe, que não existe, mero erro de concordância... Depois da caminhada ele ceguinho chegaria em casa, não mais conversava, não mais digitava, conversava e gritava somente às paredes, brancas. Daí pintava-as, suas telas, seus quadros, como punindo-as por seu silêncio e óbvia incapacidade de reação (sua maldita imobilidade, da qual ele sarcasticamente ria e se deliciava. Tudo isso ao som de Osvaldo Montenegro, qualquer dos álbuns. Assim fazia todos os dias da semana, todas as semanas. Todo domingo era dia de descanso de sua obra prima. Toda segunda a parede voltava a ficar branca para começar tudo de novo. Ele agora, futuro e já solitário interativo, termina sua caminhada de uma hora e meia ao redor do shopping, pronto a voltar às lojas para ver se o preço do HD externo já baixou. Ele já acumula muitos HDs com os dados de seus passeios virtuais, este será o sétimo: 4tb.
Serie solidão interativa
Lucas Paz
25.10.13

Ele adora ser curtido, cava curtições até não se poder (conter) mais em seus inacabados, vai passando tempo, vão passando o(s) dia(s), vai passando todo, vai furando todo, crateras, esse tempo lua, esse corpo lua, esse cérebro lua, cheio de inacabados. Cava posts, arregala para comments, as pálpebras pesam, recobram descanso, recobram a vista com as janelinhas de alertas e mensagens que saltam à esquerda inferior se está na página do facebook e à direita superior se está fora dela, ou os números vermelhos redondinhos que só crescem no ícone do aplicativo no smartphone. Ele vibra com eles, vibra junto com eles, vibra tanto!... Quem sabe na próxima encarnação nasça um vibrador nato, gozando em proporcionar prazer aos outros nos seus buracos, ou nas suas crateras, ou nos seus inacabados, preenchidos de posts, posts, posts, numa rave de posts, posts, posts. Link, linka, linka, copia, copia, copia, compartilha, compartilha compartilha, compartilha mentiras sem saber. Imita, mente, imita, mente, pane iminente.

Série Solidão Interartiva
Lucas Paz
24.10.13

E quando vibra a perna, põe a mão no bolso para pegar o smartphone e ele não está lá? E quando ouve o smartphone vibrar do seu lado, mas na verdade seria impossível de ser, já que o smartphone está a "quilômetros de distância"?
Ele ainda não encontrou explicações para esses estranhos fenômenos de sensibilidade de seu corpo. A não ser para o primeiro, que ouviu poderia ser o músculo tremendo involuntariamente. Ele prefere checar sempre o bolso quando isso acontece, ou achar que já é consequência dos anos de radiação que tomou. o celular da irmã passa o dia vibrando sobre as mesas que ela habita, antes apitava, agora só vibra, e que forte... maldito whatsapp, que lhes desconcentra..."Enche o saco o barulho desse teclado", replica "Enche o saco o barulho desse whatsapp", cachorro se coça, cadeira range, morde a bunda da caneta.

Série Solidão Interativa
Lucas Paz
24.10.13

Ele dirige rindo-se sozinho, um olho no "face", um olho na pista, muitas curtidas, uma cantada de pneu, uma buzina.
"Tu tá dirigindo, presta atenção", grita a irmã, no maior concorrente: whatsapp. O chachorro com o coração em disparada sem entender porra nenhuma. Ele segue na direção e no "face", "nada aconteceu", nada acontece neste trajeto de volta da faculdade para casa, a não ser o fato que a irmã havia vomitado duas vezes entre as aulas de anatomia, não pelos corpos em putrefação, mas por suspeita de intoxicação alimentar no almoço, ao que o irmão retruca, por ter comido o mesmo, e chuta na idéia de rejeição da comida pelo estômago, visto que a maninha tem uma queda por passar mal estudando muito e comendo pouco. Chegam em casa, carro desligado, os dois permanecem lado a lado em corpo, mas cada um em seu mundinho paralelo. Algum balbucia algo, mas o outro não responde. "Não ouviu?", "Ouvi", "Pois é mesmo que não tivesse!" Continuam cada um lendo e teclando, calados, só a respiração do cachorro. Ele bate repetidamente o pé no chão, ela pensa que é o cachorro " Que é isso?" "Tô tirando a chinela, tá presa" enquanto isso não larga o smartphone. Ela desce com o cachorro, ele continua teclando. Hoje é dia de caranguejada, já pode-se ouvir o barulho das caixas de som nas barracas, barulho que o vento carrega, as folhas balançam nas árvores, um avião que não se vê, mas se ouve, passa. A lâmpada do postezinho em frente a casa que, desde quando ele saiu até retornar, piscava, prestes a explodir, zunia na iminência. De repente para. Nada acontece. Comenta aqui, comenta ali, ri de algo sem importância que lê, anima-se com uma emoção despertada virtualmente. O mundo sem tempo, parece, ele flutua nessa lua. Ele desce do carro. A lâmpada volta a piscar assustadora e agressivamente.

Serie solidão interativa
Lucas Paz
24.10.13

Ele fala com o seu amor, por mensagem, embora queiram muito não vão se ver, de novo.

Série Solidão Interativa
Lucas Paz
24.10.13

Ele antes do almoço, ele nem bem almoça, engole de cá engole de lá, corre de cá, corre de lá, papéis, papéis, papéis, liga, liga, liga, e-mail, e meio,e-meio,C,C,C,X,X,X, certo,certo,certo,errado,errado,errado,feito,feito,feito,falta,falta,falta,come,come,come,fode,fode,fode. Ele nem bem almoça, programa despertador, facebook 40min., 10min. para acabar o cochilo da tarde. Papéis, papéis, papéis, liga, liga, liga, e-mail, e meio,e-meio,C,C,C,X,X,X, certo,certo,certo,errado,errado,errado,feito,feito,feito,falta,falta,falta,come,come,come,fode,fode,fode...engorda, careca, fuma, tosse, refluxo, pigarro. O cachorro faz cocô. Esquece a sacola.

Série solidão interativa
Lucas Paz
24.10.13

Ele assim que acorda, antes do banho antes do dente: facebook

Série solidão interativa
Lucas Paz
24.10.13

Ele confabulou e interrompendo o presente da ação (a que se segue em suas próprias palavras) para postar no facebook, o seguinte:
"até cagando sinto que estou perdendo tempo e oportunidade de conexão, de ligar-me na rede. Sentado, cagando, privado, sou um modem velho, ultra-usado, parado".
Não se contendo interrompeu o presente da ação, no ato. Em outra situação diríamos 'engoliu o choro', mas não, engoliu a merda, por baixo, para compartilhar aquela sua reflexão e continuar, se desse, se sua ansiedade permitisse, aquilo inacabado. Enchia-se de inacabados para checar os posts para preencher os vazios que os inacabados deixavam.

série Solidão Interativa
Lucas Paz 
23.10.13

E ele disse: o que em minha ânsia (de vômito) busco em você a cada segundo, óh, facebook?

Série Solidão Interativa
Lucas Paz
22.10.13
E ele disse: o que em minha ânsia (de vômito) busco em você, oh, facebook!

Série Solidão Interativa
Lucas Paz


22.10.13

Aviões produtores de nuvens

Aviões produtores de nuvens 
whenever tem poucas nuvens no céu eles vão lá e lançam seus jatos de nuvens para alegrar as manhãs e entardeceres dos céus abertos que aí riem
Beauty relies on the smallest things smallest miracles given by the World to our sights

Não, não

Nao me espere, nao me diga palavras doces
05.01.14

People just say oven

People say lets not judge.

If I'm not judging, I'm not thinking

If Im not thinking, I'm not a Human

Or I just forgot my consciousness in the fridge

While I blew the oven

agora e agoras

Meu bem preciso olhar pra voce preciso quero desejo olha-me olho-te abre-te ao uni-multi-verso inverso do virtual reverso do real miro-te abre meus olhos entra aqui no virtual de mim e atualiza memória virtual não significa falso ou irreal, mas atualização do passado-memória preciso quero olhar pra você se você se você estiver aí dedica-te agora a mim estou precisa(n)do de você não outrora agora e agoras