sábado, 13 de abril de 2013

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pathós


E tome-se de confessionário:
Amanheci, tenho amanhecido, de vazios.
Ouvi, para esquecer nunca mais,
Somos, na verdade, mais feitos de vazios a cheios,
Eletrosferas que abrigam enormes vãos e milimétricos núcleos.
Tenho amanhecido de vazios
Vazios corrosivos de arde-peito
Batida de carro, batida de coração
Paixão.
Não corrosão-possessão, não.
Arrebatamento, repetição do lugar comum das palavras, mas, sim, cegueira, êxtase, explosão.
Falta-me ao colchão algo (calor de pele, calor de tis) que justifique tuas imensas ausências,
Óh, tus, que jamais me fostes meus.
Insone, rodeando lobo a cama em todos os ângulos, em todas as partes,
Peixe perdido no reflexo do vidro do aquário, buscando o quê?
Fechar os vazios das bolhas expiradas,
Tarefa inconsequente, injustificada, inobjetiva.
Meu lugar nenhum de eu mesmo, é lá que agora quero chegar.
Meu lugar da paixão calada, latente, latejada, câncer corrosivo há tanto guardado, Lutando para ser expelido, eliminado, transformado em algo, outro algo que um dia se chame de outra coisa, que comumente se chama de a coisa, a tal amor.
Amor no meu verbo, no meu ato, no meu mundo é como mar para outros mundos, é feminino.
Amar hoje é meu lado feminino, bambo, torto, frágil, intenso, forte, não hesitante e tão hesitante, certeiro, objetivo, descarado, sem- vergonha. Tudo o que um dia o meu amor masculino prendeu em lamento, em covardia, em insucesso, em falta de coragem, em preso de garganta, em pigarro, em refluxo, em parado, em silêncio, em calado de calo ardido na corda vocal bamba que volta e que volta e que volta.
Tenho amanhecido de cheios vazios que me estouram  os pulmões e laceram as costelas. Lutando por um pouco de tardia coragem, ou cara-de-pau.
Tenho pensado com a cabeça, a cabeça do pau, estou a cara do pau. Sou pau que mete na cabeça uma ideia, a ideia de gozo, que gozo. Me gozo, que bobo, com essa história toda de amanhecer vazios.
Paixão, não me perca por aí.
Eu tô é aqui, lado a lado, do lado de ti. 

05.04.13

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Modinha

Meu pé de ata
ah tá aí,
Ataviado no teu coração ateu,
Meu Deus!

Doce minha ata
De sambaquí
sambar nos olhos de um amor que já morreu
E como.

Eu como tudo
até cair.
Da carne branca
Até o caroço preto meu
só meu.

Se é de bamba
nao sambe aqui
que o meu peito
tá ferido até o breu
adeus!

01.04.13