terça-feira, 24 de maio de 2022

“Hamlet ao seu pai Gertrudes | Pedro”


Olha o espírito desse fantasma.

Ele vive, e não te apavora pois não há lembrança. 

Eu sou a encarnação de seu aborto 

O abandono de sua irresponsável virilidade

A camisinha furada

O contrato quebrado

A mulher questionada

Eu sucedi

Eu criei minha própria fantasia

Me tornei meu próprio herói 

Nas porradas do macho que te substituiu

Agradeço a tua covardia

Pois aqui estou, e sou e me faço à imagem e semelhança de mim mesmo e meus périplos solitários

Colecionando ilhas de solidão e medalhas.

Reconhecimento de minhas empreitadas

Compartilhadas com todos os outros bichos e flores, mas tuas raízes.

Teu coito interrompido gerou-me e de ti nada herdo senão a face.

A arte atribuo essa parte à fúria de existir e de ser.

Sou nela, a vida

Uma invenção 

Acordar e fazer-me em recomeço 

Um casulo abrigo de leões 

Cama de ferozes senões 

Sims, talvezes e entões

Camaleão metamorfose cobra lobo e homem

Rasgo minha pele a cada lua cheia, a cada maré alta

Sou cinza, ato e palavra

Navego.

De ti? Bússola confundida

Silêncio

Eterna partida

Semente sem despedida

despida de afeto

De um uomo ereto 

Regado a ciência 

E na prática puro instinto.

Adeus pai desconhecido

Se (estás) vivo

Não vivo

Só vivo

Soul vivo

E como 


Maio 10 2022


Em trânsito EUA Canadá Grécia 

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