domingo, 24 de julho de 2016

Entrevista Original e na Íntegra concedida a Wolney Batista do Tribuna do Ceará em 06.28.15

O que você pretende passar com esse filme?

Under Water é um drama surreal escrito, produzido e dirigido por mim a frente de (PRE)FORMA-SE Produções Artísticas que fala sobre amor de mãe e sobre as consequências da morte de um filho através de fortes metáforas visuais. Usa o mar como potente símbolo de vida, morte e travessia. E elege minorias sociais ‘invisíveis’ transportadas a um universo fantástico para ensinarem Sii a enxergar essa Vida-Oceano com novos olhos, olhos de navegar. Under Water vem para dar conforto e esperança àqueles que perderam pessoas que tanto amam, como vem para chamar atenção a diferentes classes sociais e revelar que um processo tão íntimo de perda é também fruto de uma construção social.

Vi um vídeo onde tu explica um pouco do filme. Ele foi gravado em Jericoacora? Parte da história se passa lá?

A beleza que encontro no Ceará é difícil de encontrar em qualquer outra parte do mundo e sim nossa estória caberia muito bem nas formações rochosas de Jericoacoara uma vez que o filho de Sii, cego, afogou-se nas pedras de uma praia deserta. Mas tão trágico evento será revelado de maneira sutil e poética para dar espaço à jornada de autodescoberta de uma mãe solteira de filho único que vê-se só no mundo. O mar vai lavar sua dor e o mundo agora se revelará a ela pelo que de fato é, com todas as máscaras sociais, que usamos no dia a dia para esconder os nossos medos e fragilidades, expostas, como num grande zoológico. O filme é rodado em White Point Beach, Los Angeles, California

Há algo na história que remeta ao Ceará?

Sou nascido e criado em Fortaleza, terra que amo e que me inspira direta e indiretamente em minha trajetória artística desde muito cedo. Naveguei para Europa, Australia durante um ano, formei-me em direção na USP e hoje faço mestrado em Los Angeles. O Ceará para mim é para sempre meu ponto de partida e chegada, meu porto, onde tenho minha amada família: meu farol e meu repertório de inspirações, pois é o que conheço de maneira mais próxima e cara. Como artista de cinema, teatro e artes visuais, o mar, a água sempre foi personagem principal de meus enredos e criações. Somos 80% água e o resto de íons. Somos e estamos num ambiente que permite mudança, transformação. Em 2010 dirigi a peça ao ar livre “ENTRAVE(SS)IA”, a jornada de uma mulher perdida nas próprias lembranças, no confinamento de sua casa. Sua casa e seu ser eram barco, farol e a construção ativa, em cena de um píer para sua libertação. Aqui usamos todos os líquidos que o corpo produz: lágrima, suor, urina, sangue, bile, suco gástrico todos como metáforas de humor desse mar de diferentes águas que o ser humano é. Em 2012 o evento performático ao ar livre “MoAciR: Filhos da Dor” ganha notoriedade e é recomendado pelo Governo do Estado de São Paulo em seu website, pela USP em seu website e jornal e pela Folha de São Paulo. Usa não-atores nas piscinas do complexo aquático da USP por 12 apresentações gratuitas e no mar da Praia do Futuro. Baseia-se em Iracema, do cearense José de Alencar: lenda do primeiro brasileiro, extraditado da própria terra pelo pai português com a morte da mãe índia,  para falar de amor, doença, abandono, água, guerra, índio-urbano e nós, essa nova geração de nômades globais que alimenta suas dores com dinheiro. O nosso ‘MoAciR’, usa o anagrama MAR, como Iracema seria um anagrama de America. Se José de Alencar via nessa virgem America o mel de Vida e Morte, vemos em Moacir esse mar de Morte e Vida.

Em que etapa está o filme? Ele já foi todo gravado? Está em finalização?

O filme está em Produção. Gravamos o filme em Los Angeles a partir desta quarta-feira,17 de junho, até 23 de Junho com uma equipe de 20 profissionais vindos de todo o globo e forte elenco de 9 atores multi-étnicos:
Arden Kelly atriz-musical e cantora profissional, nossa protagonista Sii,
Pepe Serna, grande amigo e ator experiente de Hollywood com um gabarito de filmes como Scarface, com a honra de ser nosso Lil’Big Me.
Paulina Güitron, atriz e dançarina profissional de flamenco como Trans Me
Jacob Gibson, ator de forte linguagem corporal, nosso cego Blind Rat.
E grande elenco de maestro, standup comedian, travesti, e fisiculturista com braço amputado que tornam essa história tão especial e com forte responsabilidade social: David Caprita (“Meu Primeiro Amor”, “O Especialista”) , Jesse Sink, Lilliana Luxe, Rene Goff, Sunkee Angel.
O filme com produção BR-US foi financiado por 98 fundadores do Brasil, U.S., Inglaterra, Espanha, Itália, Republica Dominicana, Portugal, Arábia Saudita e por amigos artistas e cineastas como Edmilson Filho, Amadeu Maya, Felipe Folgosi e Gerson Sanginitto através de nossa campanha ainda ativa: www.igg.me/at/underwater.
Abordamos constantemente o tema da visão “See (ver), Sii (nossa personagem), Sea (mar-nosso forte cenário-personagem)”, assim o filme será veiculado para cegos com áudio-descrição como também com legendas em português.
Pretendemos distribuir o roteiro em braile em bibliotecas brasileiras e americanas e distribuir o filme em festivais internacionais e plataformas online como Amazon, iTunes, Shorts HD.

Esse é teu primeiro filme? Me cita os outros?’

Under Water é meu primeiro curta com perspectiva de longa metragem.
Esta versão terá 10 minutos de duração para atrair investidores.
Dirigi o curta “Sigh” o triângulo amoroso entre 3 grandes amigos que se encerra de maneira trágica.
Dirigi e Produzi o videoclipe “Los Angeles” para a Banda  californiana WETHEONES.
Continuo em pre-produção para o curta “Concrete River” com expectativa de gravação para 2016.
Como dirigi “Love, Shoes and Death” baseado em cena de “Dois Perdidos numa noite Suja” de Plínio Marcos.
No teatro são 21 anos de atuação e sete anos de direção, produção e iluminação. Mais de 60 peças e intervenções urbanas. Com destaque para “Enraizados” capa dos jornais  e  TV’s de Fortaleza nas manifestações em 2013, “MoAciR:Filhos da Dor”, “Cidade-Formigueiro” intervenção de dança nos túneis de São Paulo, “Lés Pigmentés” com grupo Ilotopie (FR), “Necessidade X Supérfluo: supercidade, nãoseisefluo” (BR/ARG/POR/FR), Aladdin Broadway Musical (AUS), Dionisíacas de Zé Celso Martinez Correia, “Bom Retiro: 958m” com Teatro da Vertigem, “O Pequeno Príncipe” com Alumiar Cenas e Cirandas. Desde 2014 trabalho como Media Coordinator do Los Angeles Brazilian Film Festival-LABRFF.
Este filme é produzido por Lucas Paz, Alexandre Wilson, Sophy Taylor, Elif Iljazovska, Joel Seidl. Conta com apoio de Flower Power Recording Lab, Big Art Labs, BDCi News, Soul Brasil Magazine.

Contato:


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www.youtube.com/lucasfppaz


Link da Entrevista Publicada:

http://tribunadoceara.uol.com.br/diversao/cinema/cearense-filma-nos-eua-e-pretende-distribuir-roteiro-em-braile-nas-escolas-brasileiras/ 

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