Olha o espírito desse fantasma.
Ele vive, e não te apavora pois não há lembrança.
Eu sou a encarnação de seu aborto
O abandono de sua irresponsável virilidade
A camisinha furada
O contrato quebrado
A mulher questionada
Eu sucedi
Eu criei minha própria fantasia
Me tornei meu próprio herói
Nas porradas do macho que te substituiu
Agradeço a tua covardia
Pois aqui estou, e sou e me faço à imagem e semelhança de mim mesmo e meus périplos solitários
Colecionando ilhas de solidão e medalhas.
Reconhecimento de minhas empreitadas
Compartilhadas com todos os outros bichos e flores, mas tuas raízes.
Teu coito interrompido gerou-me e de ti nada herdo senão a face.
A arte atribuo essa parte à fúria de existir e de ser.
Sou nela, a vida
Uma invenção
Acordar e fazer-me em recomeço
Um casulo abrigo de leões
Cama de ferozes senões
Sims, talvezes e entões
Camaleão metamorfose cobra lobo e homem
Rasgo minha pele a cada lua cheia, a cada maré alta
Sou cinza, ato e palavra
Navego.
De ti? Bússola confundida
Silêncio
Eterna partida
Semente sem despedida
despida de afeto
De um uomo ereto
Regado a ciência
E na prática puro instinto.
Adeus pai desconhecido
Se (estás) vivo
Não vivo
Só vivo
Soul vivo
E como
Maio 10 2022
Em trânsito EUA Canadá Grécia