o tempo esse ano me desafiou a linha da vida
a vida esse ano eu desafiei a linha do tempo
e cabeça me entrucou a pensar que as vezes vale mais fora daqui do ser e do lutar do que dentro, dentro de mim
encontrar o que sou, quem me tornei e torno a cada dia
sim o tempo esse ano me disse mais uma vez e de forma diferente para parar. em 2014 a minha maquina corpo parou e sem sobreaviso me colocou numa cama de hospital por 19 dias
este ano minha mente foi a grande arquiteta, mas a estrutura da fundação dessa casa chamada eu é sólida e encontra grande argamassa de suporte nos que mais me amam e me lembram de que o vencedor se faz de lutas, de paciência, claridade espiritual e de história.
Conquistei muito e se me foi dado o dom e a oportunidade da vida só me resta inspirar com o que sei e com o que me inspira, os outros ao meu redor como assim o fazem minha mãe, meu pai e minha irmã.
crises são cíclicas no microcosmo do indivíduo ou no macrocosmo do universo haja visto as lideranças que nos desafiam em retrocesso políticos e sociais no Brasil, nos EUA, na Venezuela, na Siria, na Coreia do Norte e em tantos outros países de injustiças milenares que já nem lembramos, vemos ou sabemos nominar.
Entao sim 2017 o tempo passou para mim em ida e volta, a galope, lento, e de tanta conquista e prêmio, as vezes meu dentro me dizia perdedor. quando o bolso não tem verdes a gente tende a afundar em miséria. miséria fácil. miséria que só atenta para o fora, fora de si, para o evadir-se do passar a passo, o desrespeitar que um estrada ou uma casa são feitos de mãos, pés, tijolos e calma.
2017 foi de crise, transformação, incerteza, instabilidade, desistência, covardia, depressão, vontade de morrer ou de me matar, foi um ano de perdas de amigos queridos que se mataram, foi também um ano de breves momentos de clarificação do pensamento e do espirito graças a minha família, de muito amor, de confiança, de ver quantos confiam no que faço e em quem sou, de revelar pedaços de mim a amigos e entes queridos, que assim viram outras faces e desejos do meu criar, do meu sexo, do meu amar, de provar para mim mesmo que sou capaz, que sou ético, que busco sempre o melhor: me tornei professor em universidade nos estados unidos, o posto se foi, criei, editei e publiquei meu primeiro livro de poesias, musicas e contos a venda em dois países, com belíssimas noites de lançamento em Los Angeles, Fortaleza e Limoeiro do Norte graças a Meire, Pedro, minha Tia Rita e a Glória, realizei minha primeira exibição de artes visuais no Brasil e nos Estados Unidos, graças ao Taygoara, ao Mauricio, a Christiane e a minha mãe e meu primo Jr, vendi algumas de minhas obras, casei minha melhor amiga, Bia, revi uma grande amiga chilena, a Cony, no Chile depois de 11 anos de nossa experiência de intercâmbio. Fui curador da décima edição do festival brasileiro de cinema em los Angeles. Me tornei ator sindicalizado pelo SAG nos Estados Unidos. Lancei na Amazon disponível em 6 línguas, meu primeiro curta metragem Under Water: Dive Deep, premiado como melhor filme experimental, com atores incríveis incluindo o ator mexicano Pepe Serna, reconhecido em Hollywood por trabalhos como Scarface. Produzi e lancei em festivais junto a um belo time um curta com Al Danuzio e Thaila Ayala sobre um casal de cegos que faz amor pela primeira vez. Produzi um curta sobre envelhecer são e com saúde com financiamento da Alibaba Pictures, empresa da rede comercial mais lucrativa do mundo. E conheci seres humanos incríveis que confiaram em mim e juntos criamos tudo isso.
O verde que falta ao bolso, seja o money ou o green card, a incerteza dos papéis: visto, carteira de motorista, contrato, cheque, residência, permanência, toda essa instabilidade é capaz de enlouquecer e desestruturar o homem que luta e que desde tao cedo busca criar e partilhar suas e outras historias. Mas muito já se contou ao longo destes 28 anos, desta eternidade da existência do universo e destes oito anos de nossos registros dessa passagem, dessa transição do tempo justo no fechar de um ciclo e começar outro, a celebração do ano novo. Alienar-se quando preciso, participar quando preciso, escolher. A receita minuto para passar o tempo? é passar o tempo, passar no tempo, passar com o tempo e as vezes deixar ele passar também sabe? Receita não há. Essa minha receita, ou a sua ou a nossa a cada decidir se reinventa, é senão olhar pra fora e pra dentro a cada passar e se encontrar de novo no caminho, é um relato pessoal, é uma reflexão partilhada na tentativa de nos entender, nos encontrar, nos conectar em pensamento, em sentimento, em experiência, partilhar quem somos, conversar, descobrir, transformar, tocar. Nessa nossa cápsula do tempo que corre por 10 anos, quero te encontrar, em que palavra, em que lingua em que país for, com a única certeza que a vida vale tanto a pena! Diante de qualquer desespero ou desgraça, fecha o olho, abre o olho, respira, aterra, e vê de fato, o amor está lá, o amor está aqui, em nós. E tudo isso é só o começo.
Eu não caibo nas horas